III Congresso Lusófono de Ciência das Religiões
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LISBOA | 31 de Janeiro a 5 de Fevereiro de 2020

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História, Intimidade Religiosa e Fé: entre a Instrumentalização da “Palavra de Deus” e a Natureza da Fé

Coordenadoras:

Dalva Pedro da Silva (PUC-GO-BR) e Elenice Fatima de Oliveira (PUC-GO-BR)

Tema:

Fé e religião são coisas distintas. A religião materializa a fé. A história da fé das comunidades bíblicas, do Antigo e do Novo Testamento, é contada por meio das narrativas dos textos considerados sagrados, entre outros. Nem sempre essa história foi pacífica e ingênua. Questões políticas, rivalidades, busca pelo poder, competições, são alguns dos ingredientes que contribuíram para a formação da identidade de algumas comunidades ditas da fé. Este grupo propõe a investigação das influências de fatores históricos na construção das narrativas e a consequente interpretação dessas narrativas no decorrer da história, podendo transformar a “palavra” em instrumento de manipulação das consciências e contribuindo para a institucionalização a fé.

Sociabilidades Católicas e Cultura Política nas Sociedades Ibérica e Latino-americana Contemporâneas

Coordenadores:

Cláudia Touris (Universidade de Bueno Aires, ) e Rogério Luiz de Souza (UFSC, BR)

Tema:

Os recentes estudos sobre o campo religioso têm exigido centrar a atenção menos sobre uma suposta fragilidade da religião no mundo contemporâneo que sobre a capacidade dos sujeitos religiosos em criar novas formas sociais de atuação, engajamento e militância sob o signo do crer. E cabe aos pesquisadores e estudiosos pesquisarem e analisarem as experiências desses sujeitos em vista da compreensão de nossa própria história e de nossas relações humanas, visto que isto está intimamente relacionado à cultura dos países ibéricos e latino-americanos.

A transformação da cena político-religiosa nos últimos dois séculos tem exigido, portanto, renovações teóricas sobre a produção do religioso e demonstrado a dinâmica de um campo rico em discursos e práticas que interferem permanentemente no social, no político e no econômico.

A presença do catolicismo nas sociedades ibérica e latino-americana, neste aspecto, é, sem dúvida nenhuma, impactante e marca a contemporaneidade por meio de um jogo complexo de transferência de práticas institucionais e político-culturais. A constituição de organizações católicas ou movimentos militantes católicos e a participação de católicos no seio de organizações institucionais e militantes exigiram um processo de sociabilidades que passou por uma redistribuição mais ou menos profunda das redes de relação nas quais estes mesmos católicos foram inseridos. Afinal, participar destas organizações e destes movimentos é interagir com outros membros e atores da sociedade de maneira regular; é construir uma identidade social e uma cultura política.

A atuação de católicos nos séculos XIX e XX responde a uma dinâmica histórica que preparou o espaço de diálogo entre os mais diversos setores e movimentos políticos, criou uma rede de contatos e aproximações e alimentou a função teleológica e social do catolicismo. A história do engajamento católico ibérico e latino-americano está posicionada na encruzilhada dos grandes problemas sociais e políticos da época contemporânea. Queremos, pois, confirmar o interesse renovador de debater a história desta cultura político-católica nestas sociedades

Religião, Espaço Público e Política na Contemporaneidade

Coordenadores:

Emerson Sena da Silveira (UFJF, BR), Manoel Ribeiro de Moraes Júnior (UEPA, BR) e Marcos Vinicius de Freitas Reis (UNIFAP, BR)

Tema:

A movimentação de grupos religiosos em torno ao espaço público e na política tem aumentado no Brasil, Europa e nos EUA nos últimos anos: evangélicos pentecostais e não-pentecostais, católicos, afro-brasileiros, islâmicos, dentre outros grupos religiosos, em maior ou menor grau, desenvolveram diferentes formas de atuação junto ao espaço público e aos agentes e partidos políticos. No espaço público das sociedades laicas e democráticas ocidentais, esses grupos religiosos, nos novos contextos sociais e culturais, procuram influenciar a agenda das políticas públicas e sociais do Estado, elegem representantes políticos, atuam no campo da assistência social, das mídias de massas e eletrônicas, da luta por direitos humanos, dentre muitas outras formas, algumas delas agressivas. A partir dessas considerações iniciais, o presente ST pretende acolher trabalhos teóricos, empíricos ou teóricos-empíricos, e suas variadas metodologias, que abordem a atuação concreta desses agrupamentos religiosos nos contextos sociais contemporâneos, em particular na intersecção entre o espaço público, em suas múltiplas dimensões e a dimensão da política, entendida não apenas no sentido estatal-laico, mas também o sentido da busca por legitimações e reconhecimentos políticos.

História, Memória e Ritualismo dos “diabos” populares

Coordenador:

José Filipe Pinto Marques Da Silva (UP, PT)

Tema:

A cosmovisão religiosa pode ser distinguida, em termos gerais, sob duas égides ou modalidades de adesão: o crente canonicamente orientado, que segue a normatividade imposta ou sugerida por uma das Religiões maioritárias, e o crente canonicamente difuso, que adere a valores e ritualismos de natureza mais flutuante e epistemologicamente imbricada numa diversidade de vectores paralelos. A desregulação dos sistemas de crença é algo que, nos últimos decénios, se tem tornando particularmente visível, sendo frequentes os casos de – por exemplo – Cristãos assumidos que frequentam simultaneamente os serviços pastorais e sessões espíritas ou médiuns de incorporação. A figura clássica do diabo como opositor ou inimigo aparenta estar despersonalizada e ressurgir contemporaneamente sob uma pluralidade de formas primitivas e animistas, quase que individualizadas ad hoc, através das quais se vão cultuando, com maior ou menor sincretismo, entidades e ídolos paralelos que se tendem a sobrepor às práticas historicamente dominantes (como os distintos casos do Vudu, Candomblé ou Satanismo Goético). Neste simpósio, pretende-se analisar e discutir sobre a história, a memória e o ritualismo das diferentes camuflagens fenomenológicas e as vias de culto, adoração e pregação destes ídolos não-canónicos e até mesmo anti-canónicos, independentemente da “santidade” ou “demonidade” com que são comummente – socialmente – referidos.

A Configuração Xamânica na Amazônia Brasileira: Epifanias e Presenteísmo de Múltiplas práticas

Coordenadoras:

Iraildes Caldas Torres (UFAM) e Artemis de Araújo Soares (UFAM)

Tema:

Discutir as práticas xamânicas dos povos indígenas da Amazônia brasileira supõe o rompimento com a postura canônica e dogmática que se instalou no pensamento moderno. Torna-se fundamental adotarmos a noção de trágico para compreendermos estes povos que vivem o humano em meio à transcendência e finitude, tensionados pelas ambiguidades, contingências, limites, disputas e solicitude do tempo contemporâneo. Este simpósio assume o propósito de recepcionar trabalhos que retratem e analisem as múltiplas expressões do xamanismo indígena na Amazônia brasileira, e em outros países, de modo a estabelecer um debate e uma troca dialógica no âmbito das culturas ancestrais e, para além delas, em sua ressignificação. São expressões fecundas, neste campo, as práticas xamânicas presentes nos rituais de passagens da vida e da morte, ritos de covades e de afastamento dos espíritos, práticas de benzição, ritos de agradecimento à Tupana pela boa colheita e fartura; rituais para chamar a chuva, manuseio de ervas para cura de doenças; os rituais de puberdade do menino e da menina enquanto passagem para a vida adulta. Enfim, trata-se de múltiplas epifanias e presenteísmos religioso que vivem a transcendência da fé, a partir de suas teogonias, cosmogonias, interconectados com o tempo contemporâneo e seus processos de deslocamentos.

Religião, Gênero e Sexualidade: Narrativas e História

Coordenadoras:

Margareth Arbues (UFG-BR) e Sandra Célia Coelho G. da Silva (UNEB –BR)

Tema:

A religião é um importante sistema simbólico, um determinante social e cultural. Este Simpósio Temático tem por objetivo propor socialização de pesquisas no campo das ciências da religião, na perspectiva interdisciplinar que envolva à articulação entre gênero, sexualidade e religião,  nas  áreas  de interlocução das ciências sociais aplicadas e ciências humanas. O ST pretende reunir pesquisadores/as em torno dos referidos eixos e de suas interfaces com temáticas correlatas.  Acolherá propostas de comunicações que discutam aspectos teórico-metodológicos e reflexões críticas acerca do papel das religiões e suas implicações sobre as relações de gênero na sociedade; propostas que demonstrem as interrelações existentes entre os diversos movimentos religiosos católicos, tais como: romarias, peregrinações, turismo religioso e sua relação com a identidade de gênero, através de narrativas e histórias  acerca dos papéis sociais determinados a partir do  sexo; e propostas que articulem gênero e religião na discussão da violência, não só no campo religioso, mas na sociedade como um todo.

Religiões e religiosidades dos imigrantes: história, memórias, narrativas de experiência de alteridade confessional no mundo lusófono

Coordenadores:

Andrzej Pietrzak (Universidade Católica de Lublin João Paulo II) e Emőke Horváth (University of Miskolc)

Tema:

O mundo lusófono foi e continua sendo o lugar onde se estabelecem temporal ou definitivamente indivíduos e grupos humanos, provenientes de diversas tradições culturais e religiosas. O objetivo do simpósio é descrever a dinâmica multi-vetorial de alteridade confessional que tem lugar no fenômeno de encontro com os grupos, que nos países como Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde etc., são considerados imigrantes, recém-chegados ou estrangeiros. Esperamos que o simpósio fornecerá dados, que permitirão uma melhor compreensão de processo de encontro com este tipo de alteridade nos países de língua portuguesa. Acreditamos que as discussões criarão o espaço para narrar historias, lembrar as pessoas e grupos que passaram ou passam por processos de entrar no novo contexto ecológico e sociocultural, preservando ou alterando a sua identidade religiosa. Cremos também que o simpósio apontará possíveis caminhos de pesquisas futuras.

Configurações Sociais e Simbólicas Afro-indígenas: o Repertório das Religiões Afro-brasileiras

Coordenadores:

Giovanni Boaes (PPGS/UFPB) e Camillo César Alvarenga (ISCTE/IUL)

Tema:

Após a Colonização, ritos ameríndios e africanos transformam-se, sob a hegemonia do catolicismo, em práticas religiosas ressignificadas. Cosmologias, ontologias e devires se (re)conhecem forçosamente na colonialidade do poder, formando uma configuração entre dominantes e dominados, autóctones e diaspóricos, brancos e não-brancos. Desses encontros e desencontros emergem práticas religiosas que levam às chamadas, hoje, religiões afro-brasileiras, não mais meramente circunscritas ao território nacional, transnacionalizaram-se. Entram na discussão deste objeto conceitos como o de hibridismo, sincretismo, circularidade cultural, multiculturalismo, identidades e pós-colonialidade. Acolheremos trabalhos das ciências sociais que apresentem reflexões teóricas/empíricas e metodológicas sobre religiões afro-brasileiras em solo brasileiro ou transnacionalizadas, que abordem os processos constitutivos configuracionais ou simbólicos a respeito do candomblé de caboclo, umbanda, jurema, catimbó, culto de egunguns ou dos encantados, entre outras religiões afro-brasileiras.

As Relações entre Trabalho e Religião: Narrativas e História oral de Povos Transnacionais

Coordenadores:

Maria de Loudes Sousa Gomes (UFRR) e João Paulino da Silva Neto (UFRR)

Tema:

Este simpósio pretende abordar o contexto social e cultural do trabalho e suas significações entre religião e trabalho numa perspetiva de discussão teórica e metodológica construcionista. Nesse intuito buscamos tratar a religião na construção de sentimentos de pertença, inclusão social e de (in)satisfação com a vida, dentre outros. A família no contexto religioso e de carreira perspetiva o  estudo de gênero e trabalho. Considera-se os estudos sobre narrativas e memórias relacionados à intersubjetividade nas vivências de trabalho e de religião como expressão de oralidade dos povos transnacionais, como também os diálogos que circunscrevem a interculturalidade e diversidade de crenças e costumes tradicionais. Portanto, esse Simpósio sinaliza para discussão e o debate da interculturalidade religiosa como realidade construída nos diversos aspectos socioculturais. Nesse sentido, a temática articula-se em contextos amplos de significatividades. Religião e trabalho apontam para a discussão da pluralidade sociocultural dos povos transnacionais em conexão com a dinâmica sociorreligiosa à compreensão da mediação entre sociedade, cultura, trabalho, família e religião como centralidade na dialogia entre conhecimento teórico e prático.

O Cristianismo frente à Diversidade Religiosa na Pós-modernidade

Coordenadores:

Antônio Lopes Ribeiro (FATEO – GEPERCS)  e Krzysztof Dworak  (PUC/SP- GEPERCS)

Tema:

O cristianismo, como religião gestada no contexto da cultura Ocidental,   durante séculos considerava-se, de forma exclusiva e excludente, como única e verdadeira religião. Com as descobertas de novos mundos, o advento da modernidade,  a Reforma, bem como o surgimento de estados democráticos que passaram a garantir aos cidadãos a liberdade religiosa e a livre expressão pública de crenças, o cristianismo não só foi sacudido na sua privilegiada posição, mas passou a figurar apenas como uma entre diversas religiões. Isto obrigou o cristianismo a rever seus axiomas fundacionais na tentativa de abandonar o modelo anterior de dominação, abrindo-se, aos poucos, à modernidade, com uma oferta de salvação não mais exclusiva, mas de caráter universal e inclusivista, fazendo uso do método da inculturação do Evangelho, nas diversas culturas e sociedades. Este Simpósio Temático tem por objetivo propor socialização de pesquisas realizadas no campo das ciências da religião, de teologias, de culturas e de missionação, na perspectiva cristã e interdisciplinar, que corroboram com a promoção de um  diálogo inter-religioso em vista a superar tradicionais formas de exclusivismos e fundamentalismos religiosos, a fim de se promover a paz entre as religiões, em prol da sustentabilidade do planeta em que vivemos.

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