III Congresso Lusófono de Ciência das Religiões
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LISBOA | 31 de Janeiro a 5 de Fevereiro de 2020

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Ciências e Cosmovisões Religiosas e Espirituais: (des)Encontros na (re)Construção Social da Realidade

Coordenadora:

Noémia Maria Simões, ISEL

Tema:

Com este simpósio pretendemos estabelecer um espaço de diálogo através da partilha de investigações acerca dos quadros de compreensão / ação que os saberes, as ciências, religiões e espiritualidades, constroem dos multi-versos que ao longo dos tempos procuramos habitar.

São bem vindas a este simpósio abordagens de cariz multidisciplinar que apresentem e tragam ao debate:

– o choque de civilizações, mudança global e guerra de ciências: será possível ir além?

– até que ponto será possível fortalecer o diálogo inter-religioso, através do desenvolvimento e democratização de uma “ciência universal”?

– direitos humanos e diversidade cultural: memórias, problemáticas  e desafios

–  confrontos históricos e conflitos culturais entre as diferentes leituras da realidade criadas pelas diversas epistemologias e formas de viver no Norte e no Sul

–  dinamismos de mudança cultural, paradigmas e utopias: lugares das ciências, das artes e das espiritualidades no diálogo das civilizações e na construção das comunidades (entre o global e o local)

–   propostas e experiências educativas integradoras destas problemáticas;

Diversidade, Intolerância e Fundamentalismos na Contemporaneidade

Coordenadores:

Celso Gabatz (UNISINOS, BR), Ezequiel Hanke (FEST, BR), Raphaelson Zilse (FEST, BR) e Remi Klein (FEST, BR)

Tema:

A busca pelo respeito à liberdade de religião e de culto e o reconhecimento da diversidade religiosa a partir dos parâmetros dos direitos humanos torna-se um desafio cotidiano. O respeito à diversidade perpassa o aprendizado de superação dos preconceitos, discriminações e intolerâncias em que não se coloca o próprio sistema de valores e verdades como parâmetro universal para as pessoas. Liberdade religiosa não pode ser confundida com liberdade de promoção religiosa em espaços de órgãos públicos e a interferência da religião e seus sistemas de verdade nos atos civis de interesse público. As religiões, ao mesmo tempo em que devem ser respeitadas, precisam exercer o respeito às diferenças e às diversidades, aprendendo a conviver em sociedade livre e democrática, promovendo a igualdade, a justiça, a solidariedade, a liberdade de expressão, convicção ou crença, a superação dos preconceitos e discriminações e os direitos humanos.

Religiosidades Pentecostais nas Periferias: Violências e Contradições

Coordenador:

Lucas Braga Medrado da Silva (UMESP)

Tema:

É perceptível o crescimento de instituições religiosas localizadas em contextos favelizados, a exemplo especialmente das igrejas pentecostais. Neste contexto, o discurso religioso do resgate dos indivíduos do mundo das drogas, do álcool e do crime, por exemplo, por grupos pentecostais atuantes nas favelas, é contrabalançado pela atuação de traficantes convertidos ao pentecostalismo e que vivem um paradoxo entre dois mundos “crime e crença religiosa”. Nesta mesma proporção na esfera das violências urbanas, as intolerâncias são perpetradas contra outros grupos religiosos, por exemplo, as afro-brasileiras. A estreita relação da religiosidade popular com as manifestações culturais e artísticas nas periferias e favelas, se traduz em grupos subalternos duplamente periféricos em um contexto de segregação e vulnerabilidade social. As religiosidades pentecostais e o seu aumento nas periferias das regiões metropolitanas das pequenas, médias e grandes cidades brasileiras carecem ainda de estudos interdisciplinares que dialoguem as categorias sociorreligiosas e culturais ao fenômeno urbano periférico.  O presente simpósio temático pretende recrutar pesquisas concluídas e em andamento, das diversas áreas do conhecimento, para endossar um frutífero debate acerca das múltiplas faces das religiões e religiosidades pentecostais nos contextos sociais de periferia urbano.

Violência em nome dos Deuses

Coordenadores:

Luiz Alexandre Solano Rossi  (PUC-PR) e Luiz José Dietrich (PUC-PR)

Tema:

A violência também possui uma face religiosa. É muito comum na literatura dos textos sagrados, assim como no imaginário dos povos antigos, a pressuposição de que a divindade maior se encontra irremediavelmente ao lado do vitorioso. Na construção de ordens sociais assimétricas, tanto do passado quanto do presente, os vitoriosos são aqueles que ocupam o topo da pirâmide social. Na maioria destas sociedades, quando admitem a importância da religião, os vitoriosos refletiriam a presença divina, ou seriam seus intérpretes autorizados, deixando um grande vácuo de ausência para a multidão de pobres e miseráveis que preenchem a base da pirâmide. O Antigo Oriente Próximo produziu um imaginário em que as divindades assumem formas bélicas, inclusive tendo servido muitas vezes para ratificar projetos de conquistas imperiais e colonialistas. Procura-se, nessa sessão temática, reunir e debater pesquisas que tenham como tema as múltiplas faces da violência em nome dos deuses, a fim de se buscar compreensões religiosas que contribuam para uma nova ordem mundial, e, de outro modo, releituras e novas percepções de textos sagrados que deslegitimem a violência fundamentando práticas que apontem para a construção de outros mundos possíveis.

Tradições de Matriz Africana: Construção Teológica e Conflito Religioso

Coordenadores:

Oneide Bobsin (FEST) e Hendrix Silveira (FEST)

Tema:

Conflitos religiosos têm se acirrado no Brasil e no mundo. O racismo, aliado à intolerância religiosa, provoca na sociedade ocidental um repúdio às tradições de matriz africana. Repúdio muitas vezes referendado em discursos eurocêntricos e colonialistas ou ainda na demonização ou satanização das práticas tradicionais africanas. As violências perpetradas por quadros fundamentalistas do cristianismo contra as tradições de matriz africana tanto no Brasil, quanto na Europa e mesmo na própria África têm feito surgir uma nova forma de defesa que se pauta na construção de ações em várias frentes. A luta política que se apresenta através dos movimentos sociais e na organização de manifestações públicas, bem como a participação ativa de vivenciadores na área de Educação – sobretudo superior – tem buscado definir as tradições de matriz africana de forma isonômica com as demais tradições religiosas intentando conquistar o respeito e dignidade diante da sociedade ocidental. Este Simpósio objetiva agregar trabalhos que evidenciem todos estes aspectos à luz de enfoques interdisciplinares, sobretudo nas áreas das Ciências da Religião, Teologia, Antropologia/Etnografia, Sociologia, Filosofia, Psicologia Social e nas práticas educativas em vários níveis de ensino, bem como na perspectiva do tema do congresso.

Cristofobia: uma Realidade pouco Difundida

Coordenador:

Reginaldo Pereira de Moraes (FEST)

Tema:

Neste Grupo, pretende-se abordar uma questão, cada vez mais crescente e, ao mesmo tempo, bastante ignorada: a mortandade de cristãos ao redor do mundo. Isto se faz necessário porque não são poucas as pessoas que sofrem hostilização, perseguição ou assassinatos, simplesmente porque são cristãs. Pretende-se discutir sobre qual seria a razão deste desprezo, o porquê de aparentemente, isto não ser tão importante para a mídia e, principalmente, o que poderia ser feito com o objetivo de minimizar esta tragédia. Ainda que, em certos momentos do passado, o quadro fosse o inverso, ou seja, muitas espadas foram empunhadas e milhares de vidas foram tiradas, por se pensar erroneamente se tratar de um serviço a Cristo. Isto não poderia ser usado hoje, como justificativa, para se fechar os olhos para os massacres e se fingir que é normal uma pessoa morrer só porque professa a fé cristã. Diante de tudo isto, torna-se difícil não se concordar que há uma verdadeira Cristofobia, ainda que de certo modo velada.

O Fundamentalismo Cristão e a Democracia

Coordenador:

Alexandre Guilherme da Cruz Alves Junior (UNIFAP – BR)

Tema:

O Simpósio Temático tem por objetivo congregar pesquisas que analisem, a partir de estudos de casos ou processos, a atuação política de denominações religiosas ou personalidades públicas fundamentalistas cristãs, – como pastores, políticos, cientistas, artistas, etc.-, no interior de países de regimes democráticos, seja através de partidos políticos específicos, grupos de pressão na sociedade civil, imprensa, mídia eletrônica ou outros meios e instrumentos de atuação política pública. A intenção é discutir conjuntamente como os fundamentalistas cristãos se relacionam com as instituições democráticas em diferentes países, buscando interpretar as leis e os preceitos constitucionais a partir de uma leitura pretensamente literal da Bíblia, identificando, assim, algumas de suas estratégias a partir do debate de casos concretos ocorridos ao longo dos séculos XX e XXI. Desse modo, o Simpósio Temático buscará contribuir para o debate mais amplo sobre a relação entre o fundamentalismo cristão e a modernidade, assim como seus projetos políticos e sociais, e diferentes estratégias de divulgação da sua visão de mundo.

Metanarrativa Fundamentalista Religiosa: Violência Moral, Corpo e Saúde

Coordenadores:

José Viega Brás (ULHT), Maria Neves Gonçalves (ULHT) e André Robert (Université Lyon)

Tema:

Apesar de Bauman (1998) referir que o fundamentalismo é um fenómeno típico da pós-modernidade, consideramos esta análise  limitada. O fundamentalismo não se manifestou apenas contra a insegurança da modernidade líquida, pretendendo colmatar o seu estado desagregador.  O fenómeno do radicalismo, da intolerância, por todos aqueles que se afastam da  verdade suprema, fez vítimas ao longo da história. Efectivamente, o conceito aplica-se a realidades muito diversas. Porém,  a força dos preceitos éticos que disciplinam o corpo e canalizam a sua energia mediante mecanismos violentos de sujeição tem evidentes consequências ao nível da saúde. Nesta perspectiva, a história da religião comporta uma história do corpo. Cada religião constrói o corpo com as suas particularidades, a sua masculinidade ou feminilidade, os seus padrões de beleza, a sua sensualidade, o seu pudor, etc.  Cada experiência religiosa promove uma vivência, uma percepção do corpo e impregna um código subtil, colocando em tensão permanente o íntimo e o público. Neste sentido,  importa analisar os discursos que, ao longo da história, produziram o corpo,  na relação paradoxal entre a condenação e a glorificação, o pecado e a salvação,  a vida e a morte, a dor e o prazer, o sofrimento e a saúde e o bem-estar.

 

 

Religião, Secularização e Pós-Modernidade

Coordenadores:

José Brissos-Lino (ULHT) e Vitor Rafael (ULHT)

Tema:

Neste simpósio temático pretende-se reflectir sobre a relação entre religião, secularização e o pensamento pós-moderno.

Os seus objectivos passam por:

– reflectir sobre os desafios actuais da pessoa religiosa face ao fenómeno do relativismo contemporâneo, decorrente do pensamento pós-moderno, assim como do individualismo extremado que desafia o sentido de comunidade e de destino colectivo;

– pensar os novos desafios pessoais e de grupo exigidos por uma sociedade secularizada, materialista e imediatista, e suas implicações na vivência da fé religiosa;

– discutir o tipo de estratégias desenvolvidas na família, na escola, na comunidade religiosa e na sociedade para lidar com a presente crise do sentido do sagrado;

– apreciar o carácter das respostas fundamentalistas que vêm surgindo crescentemente no mundo religioso, de forma reactiva ao aparente e ameaçador caos tecido pela pós-modernidade;

– considerar igualmente as respostas fundamentalistas de carácter laicista e anti-religioso que vêm surgindo paralela e crescentemente nas sociedades em todo o mundo, com especial incidência no espaço lusófono.

Organização


Co-organização


Entidades Associadas


Universidades Parceiras