Tiago Tadeu Contiero (PUC-SP) e Wagner Montagnini (UNIMEP)
Tema:
O Concílio Vaticano II é entendido como sendo um marco divisor na história da Igreja Católica. É inegável que suas Constituições, Decretos e Declarações servem de base para moldar uma nova imagem de Igreja, que se propõe ser mais moderna, aberta e atenta aos anseios dos seus fiéis. Contudo, até mesmo pela proximidade histórica do evento conciliar, seus textos, seu impacto e suas consequências ainda são analisados sob diversas perspectivas no interior do próprio Catolicismo, sendo algumas visões positivas e outras negativas, que entendem o Vaticano II como uma ruptura na doutrina católica. Feitas essas considerações, o Simpósio proposto visa agregar contribuições de pesquisadores que estudam o Concílio Vaticano II, bem como sua recepção e as diversas correntes interpretativas que o rodeiam e auxiliam a compreender sua importância para o catolicismo e para a sociedade como um todo. Pretende ser um espaço aberto ao debate entre todos aqueles que se debruçam no estudo do evento conciliar, de seus impactos e leituras e também dos que entendem a importância que o mesmo teve para o universo religioso e social.
Rodrigo Portella (UFJF), António Joaquim Brito Figueiroa Jardim Costa (UM)
Tema:
O Simpósio Temático visa fazer circular pesquisas que investigam as relações entre as tradições religiosas – nível institucional e nível espontâneo de atividades de seus agentes – com os espaços públicos, políticos e econômicos. Pretende-se verificar como as tradições religiosas têm interagido na esfera civil, seja em ações sociais, seja em posicionamentos referentes à agenda pública de temas polêmicos (bioética, questões jurídicas e constitucionais a respeito de minorias, etc). Objetiva-se trazer à tona o debate sobre a questão do papel da religião (em suas diversas representações oficiais e espontâneas) no âmbito público, civil e laico. Até que ponto as tradições religiosas têm ampla legitimidade em expor suas premissas (e colocá-las em prática) no espaço público e político? E quais são os limites de sua atuação (propositiva e prática) nestes espaços? Como as tradições religiosas têm atuado e influenciado sobre espaços públicos e políticos? Como as narrativas e literaturas sagradas das tradições religiosas (através da normatividade que têm para seus adeptos) estão a influenciar o âmbito público, civil e laico da sociedade? Quais as tensões, oportunidades e conflitos que se desenham na relação entre preceitos descritos nas literaturas e narrativas sagradas e a inserção deles (de forma dialógica, propositiva ou impositiva) no âmbito civil e público?
Este Simpósio Temático vai desafiar à reflexão sobre as percepções de si e do outro entre crentes e não crentes: linguagem, imagética, narrativas, postura e ideologias que tenham lugar nesta relação entre uma cosmovisão e as outras cosmovisões que representam o diferente.
A busca de Deus leva crentes a procurar velhos e novos locais para entrarem em contacto com a Divindade realizando peregrinações, promessas, flagelações e guerras na disputa dos lugares sagrados e na destruição de outros.
João Ferreira Dias (ISCTE-UL), Francesca Bassi (UFRB) e Valéria Amim (UESC)
Tema:
Olhar o que se designa, largamente, como tradições, reconhecendo-lhes o primado da invenção, alavanca a mutualidade e a intencionalidade político-ideológica da memória coletiva. Sob tal problemática Triaud (1999) defendia que a memória histórica, seja de que coletivo humano for, é sempre instituída, porquanto opera na coesão e no reforço de determinado alinhamento narrativo como forma de veiculação de poder. Diferentemente à memória veiculada no espaço público, encontramos a memória religiosa tal como é comunicada na vivência e nas práticas: uma memória que somente é transmitida segundo condições pragmáticas especificas (Severi 2004). Tal é particularmente evidente nas religiões afro-brasileiras para as quais a tradição e a memória forjam novos movimentos identitários e históricos. Ali, a memória opera como referência, como espaço de preservação identitária e depende também da memória individual, uma vez que historicamente baseadas na oralidade (embora cada vez menos exclusivamente) requerem o face-a-face do aprendizado e, bem assim, as latências do conhecimento remetem para a legitimidade tanto de quem ensina quanto de quem aprende. Desse modo, tanto a memória quanto o apelo e a forma como se utiliza a tradição são ‘multiversas’ (Latour 2008). Para além do “reconhecimento” que a tradição outorga existe, ainda, as tradições subterrâneas,clandestinas, pouco traduzidas e identificadas, muitas vezes tidas como ilegítimas, que introduzem outras temporalidades culturais e políticas, incomensuráveis na invenção da tradição. Processo esse que segundo Bhabha (2003) afasta qualquer acesso imediato a uma identidade original ou a uma “tradição recebida”. Assim, este simpósio pretende acolher reflexões sobre a história oral, as narrativas e práticas associadas às memórias das comunidades religiosas de matrizes africanas, sejam como lugar de preservação (os ‘lieux de mémoire’ de Pierre Nora [1989]), sejam em referência a utilizações político-ideológicas de autenticidade ou legitimidade (Capone 2004), seja ainda sobre os mecanismos pelos quais a memória se veicula e se apela nas religiões de matriz afro. Dessa forma, intentamos a um debate polifónico, marcado pela diversidade de abordagens teórico-metodológicas e de dados empíricos, espelhando, assim, a complexidade e multiplicidade de processos e usos.
Ana Rosa Cloclet da Silva (PUC-Campinas), Ceci M. C. B. Mariani (PUC – Campinas) e Breno Martins Campos (PUC-Campinas)
Tema:
O Simpósio visa agregar contribuições de pesquisadores que têm se debruçado sobre o clássico – porém atual – debate acerca do fenômeno da secularização, investigando seus desdobramentos na construção das doutrinas, instituições e práticas discursivas, que modelaram a construção da modernidade ocidental. Neste sentido, dialoga com estudos que visam problematizar a natureza do próprio objeto de estudo, reinstaurando a pertinência de uma abordagem científica e multidisciplinar sobre o tema das tradições religiosas e espiritualistas, revelando o quanto estas conviveram e mesmo legitimaram algumas das dimensões políticas e culturais modernas e contemporâneas.